A VITAMINA K

Uma das rotinas hospitalares com o recém-nascido é a injeção intramuscular de vitamina K. Por vitamina K entende-se várias substâncias relacionadas necessárias para a coagulação normal do sangue. Sua forma principal é a vitamina K1 (filoquinona), encontrada em plantas, sobretudo nos vegetais folhosos verdes. A ela somam-se as bactérias presentes na porção distal do intestino...
delgado e no cólon, as quais produzem vitamina K2 (menaquinona), absorvida em menor grau.
Considera-se que o fígado do recém-nascido é imaturo para produzir quantidades suficientes dos fatores da coagulação do sangue (proteínas do sangue que promovem a coagulação e requerem a vitamina K). Por este motivo, reza a justificativa tradicional, a injeção é dada para evitar a doença hemorrágica do recém-nascido, que é caracterizada pela tendência ao sangramento como resultado de uma deficiência de vitamina K. Esta situação pode ocorrer quando a placenta não permite a passagem adequada de gorduras e, conseqüentemente, da vitamina K (lipossolúvel) ao feto. Logo, conhecer a história materna durante o pré-natal permite traçar uma linha de trabalho adequada e personalizada, e diminuir as intervenções desnecessárias.
Faz-se evidente aqui a importância do profissional ter o conhecimento cientifico aliado ao senso crítico para analisar as "rotinas" e aplicá-las somente aos recém-nascidos que realmente necessitam de alguma intervenção.
A rotina é controvertida, porque de um lado se o bebê for amamentado com leite materno exclusivamente e sob livre demanda não seria necessária sua administração e mesmo assim somente em casos pontuais, apesar da corrente que sustenta que o leite materno seria uma fonte limitada da vitamina K. Por outro lado, as doses usadas nos hospitais sequer seriam totalmente satisfatórias no caso em que a tal doença hemorrárgica aconteça, de modo que a rotina por si só deveria ser revista.
Finalmente, cabe frisar que, quando necessária, a Vitamina K pode ser administrada oralmente, coisa da qual pouco se fala e muito menos se faz. Certamente, este é um método menos traumático para o recém-nascido. Pode-se ler na própria bula do medicamento (o Kanakion) as orientações sobre a administração oral (1ª dose ao nascer, 2ª dose entre o 4º e 7º dia de vida).