PARTO NORMAL NA REDE PRIVADA

Quando a opção de parto não é a cesárea, como acontece 80-90% dos partos das grandes maternidades dos centros urbanos, encontramos o parto normal. Apesar dele ser muito mais seguro do que a cesárea e sua recuperação ser rápida, há mulheres que o temem. Por quê? É preciso ter coragem para encará-lo ou talvez seja ingenuidade? Tudo o que vai acontecer uma vez que a parturiente entra numa maternidade é explicado a ela durante a gestação? Com quem ela pode conversar, obter informações objetivas sobre a realidade que terá de enfrentar? Geralmente com ninguém.
O parto normal é “normal” no sentido que é o que acontece normalmente em todas as maternidades – mas não é natural. O parto normal hoje, aliás, não tem nada de natural, a não ser que é vaginal.
Por estar num estabelecimento médico, a parturiente está submetida a uma rotina – o protocolo hospitalar obriga os profissionais a realizarem uma série sempre igual de procedimentos. Com o intuito de prevenir possíveis problemas estes procedimentos são adotados em todos os casos, mesmo sendo a grande maioria das vezes totalmente inúteis e freqüentemente prejudiciais.
Quais são eles?
- Separação do marido e/ou da acompanhante.
- Separação de suas coisas, roupas e objetos que representam sua identidade.
- Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos)
- Enema (lavagem intestinal)
- Indução do trabalho de parto (ou aceleração)
- Posição deitada (litotomia)
- Anestesia
- Episiotomia
- Manobra de Kristeller
Estes são os procedimentos médicos.
O que eles implicam do ponto de vista psico-emocional?
Enquanto a parturiente for submetida a todos eles, o que sentirá, o que estará vivendo, pensando, imaginando?
Qual é a experiência humana e feminina disso tudo?
Como é ficar de pernas abertas (nas perneiras da maca obstétrica), num centro cirúrgico “metálico e frio” na frente de pessoas estranhas que mexem e remexem em seu corpo, tendo perdido a sensação de suas pernas, estando imobilizada... que parto é esse?
Adriana Tanese Nogueira, Psicanalista, filósofa, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto. www.adrianatanesenogueira.org